segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Uma boa surpresa no cinema brasileiro


“É proibido fumar” é um filme alternativo surpreendente. Nos primeiros minutos chega a ser bem engraçado, com a personagem principal Baby (Glória Pires), ensinando violão em sua casa para alunos pouco dotados de talento. Mas o filme tem toda uma construção de personagens, do clima e de arte que falam muito habilmente dos sentimentos comuns compartilhados por pessoas que vivem em grandes centros urbanos como São Paulo.

Baby tem cerca de 40 anos e vive sozinha em seu apartamento antigo herdado pela mãe. Ela é solteira, tem seus casos de amor, mas ainda quer encontrar aquele alguém. Ela tem duas irmãs, uma dona-de casa que diz que toda mulher quer casar, e outra, bem sucedida profissionalmente, que fala que Baby é um fracasso. Baby vive meio parada no tempo, entediada em seu apartamento meio escuro, fumando um cigarro atrás do outro. Esperando, quem sabe, alguma coisa nova acontecer. Mas ela quer de todo jeito um sofá de uma tia que morreu e vive disputando o móvel com as irmãs.

Um fato novo acontece: um novo vizinho – Max ( Paulo Miklos), músico e descolado, se muda para o apartamento ao lado do seu. Os dois logo se identificam e rola um clima. O caso de amor dá um novo impulso na vida de Baby. Ela começa a se arrumar mais para o novo namorado. Max é um músico talentoso, mas toca sambão em uma pizzaria decadente. São cenas comuns de busca de satisfação e de insatisfação na vida. A vida segue assim e tudo vai se ajeitando. Max pede pra Baby parar de fumar e ela para agradar ao namorado entra numa espécie de fumantes anônimos.

Mas quando um personagem diferente entra na fita, o filme toma outro rumo. A ex- mulher de Max é uma riquinha meio louca, que acaba sendo vítima por mero acidente - um descuido por causa do vício de fumar de Baby. A cena é, ao mesmo tempo, engraçada, chocante e subversiva. A história fica mais interessante ainda, porque outros sentimentos são colocados à prova por Baby - medo, desconfiança, auto-estima, culpa e perplexidade.

No final, mais surpresa. Baby, uma pessoa sensível e apegada ao passado, consegue viver bem sem dramas de culpa. E o mulherengo Max, se comporta como um bom e dedicado marido. São fatos da vida? voltas que a vida dá. O roteiro faz uma inversão de valores e de sentimentos pra assentar uma história que tem um tanto de comédia, de tragédia, de reflexão e de leveza na proporção que a nossa própria vida tem. Um filme que vale muito a pena ver! “Ë proibido fumar” ganhou oito prêmios no Festival de Brasília, inclusive de melhor atriz pra Glória Pires ! É imperdível!

O filme está disponível em sites de filmes na internet e no YouTube!


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