Tropicália é desvendada em depoimentos de seus principais personagens
O livro “Tropicália: Um Caldeirão cultural”, de Getúlio Mac Cord, será lançado em Belo Horizonte, no dia 02 de dezembro, sexta-feira, a partir das 20 h, no Godofredo Bar, – Rua Paraisopolis, 738, Bairro Santa Tereza. O lançamento faz parte da programação do projeto “Integrando artistas e diversidades”, promovido pelo Instituto Imersão Latina que completa seis anos de atividades e escolheu o Tropicalismo como tema das suas comemorações.
A obra, além da pesquisa do autor, traz uma coletânea de depoimentos onde desfilam personalidades como Rogério Duprat, Jorge Mautner, Jards Macalé, Capinan, Guilherme Araújo, Sérgio Dias, Sérgio Ricardo, José Ramos Tinhorão, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé. Todos personagens que viveram os bastidores de um dos maiores movimentos culturais do país.
No ano de seu 43º aniversário, a Tropicália é homenageada por essa obra que promete remexer com crenças e mitos sustentados até os dias de hoje. Segundo o autor, o Tropicalismo, embora tenha sempre sido associado à política, foi em sua essência um movimento cultural a altura da Semana de 22 e do movimento antropofágico de Oswald de Andrade. “Havia sim uma insatisfação com a ditadura e os horrores dos militares na época. Mas a Tropicália ultrapassou essa questão. Foi além. Tratou de repensar a nossa cultura, uma reflexão cultural 40 anos depois da semana de 22”, afirma Mac Cord.
Para o cantor, compositor e músico Tom Zé que assina o prefácio do livro além das revelações dos artistas participantes e de coadjuvantes expressivos, o tema foi tratado com uma clareza orteguiana, pinicando o leitor com a vontade de saber mais na próxima página. “Seu estilo polidamente antitropicalista, de abridor de cortinas, acende essa curiosidade providencial. Estas informações são um serviço de utilidade pública, leve abrir de porta sobre fatos adormecidos, bem-vindo num país que não tem como coisa nobre o conhecimento de si próprio”, afirma.
Para Getúlio Mac Cord, autor do livro, o movimento tropicalista estava em sintonia com as idéias que se formavam no meio cultural brasileiro da década de 60. “Diretores de teatro, cinema, artistas plásticos e músicos geraram férteis debates. Isso criou um momento rico de questionamentos com a descoberta de uma linguagem da arte brasileira. Essa linguagem incorporava tudo que havia no Brasil, mais os acontecimentos da cultura mundial, incluindo a integração com a cultura latino-americana”, afirma.
Personagens analisam movimento
Enquanto os holofotes sempre se concentraram nos baianos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, entre outros, considerados os líderes do movimento, outras figuras significativas tiveram participação efetiva e apresentam na obra um outro olhar sobre tudo o que aconteceu. Jards Macalé, por exemplo, afirma ter havido um grande mal entendido. “Eu gravo pouco porque determinadas pessoas das gravadoras até hoje acham que nós, os ditos malditos, não somos comerciais. Eu, Jorge Mautner, Luís Melodia e Sérgio Sampaio somos considerados malditos”, desabafa, acrescentando que na Tropicália houve muito mais profundidade na questão de mudanças de valores e costumes do que qualquer outra coisa.
Outro que esboça uma visão peculiar é José Ramos Tinhorão. Para ele, as pessoas que se comprometeram com música, universo sonoro etc, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes e outros, eram pessoas muito voltadas para uma atualização que as inserisse dentro de um contexto da música comercial, sim, estrangeira, sim, mas de bom nível. “Eles, é claro, entrariam em choque, como entraram, com a chamada “ala nacionalista”, que eles acusavam de tradicionalista, de estar trabalhando em cima de coisas que não tinham futuro, que tudo não parava, que o mundo era uma aldeia”, diz.
Já para Guilherme Araújo, a Tropicália foi além, tendo uma ligação direta com a história mundial da época. “Eu acho que essas coisas não podem ser criadas, inventadas numa mesa. Havia um momento propício à música popular no mundo inteiro”, afirma o empresário musical.
De acordo com Rogério Duprat, o interesse era de uma música coletiva e a música mais coletiva era aquela relativa à cultura de massa. “Então eu, Júlio Medaglia e Cozzella, depois de conversarmos muito, especialmente com o Décio Pignatari, caminhávamos rumo à cultura de massa. E esta cultura aos poucos foi aparecendo através do rock de Roberto Carlos, da criação da Jovem Guarda, e depois pelo talento de um time que tinha que nos procurar: os baianos”.
Serviço:
Lançamento do livro “Tropicália - Um Caldeirão Cultural”, de Getúlio Mac Cord,
Data: 02 de dezembro, sexta-feira
Horário: a partir das 20h
Local: Godofredo Bar – Rua Paraisopolis, 738 - Bairro Santa Tereza – BH ( o livro será vendido por preço promocional)
- Tropicália – “Um Caldeirão Cultural” - À venda na Livraria Mineiriana, Savassi. Belo Horizonte - MG.
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