segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Instituto Imersão latina lança livro sobre movimento Tropicalista




Tropicália é desvendada em depoimentos de seus principais personagens

O livro “Tropicália: Um Caldeirão cultural”, de Getúlio Mac Cord, será lançado em Belo Horizonte, no dia 02 de dezembro, sexta-feira, a partir das 20 h, no Godofredo Bar, – Rua Paraisopolis, 738, Bairro Santa Tereza. O lançamento faz parte da programação do projeto “Integrando artistas e diversidades”, promovido pelo Instituto Imersão Latina que completa seis anos de atividades e escolheu o Tropicalismo como tema das suas comemorações.

A obra, além da pesquisa do autor, traz uma coletânea de depoimentos onde desfilam personalidades como Rogério Duprat, Jorge Mautner, Jards Macalé, Capinan, Guilherme Araújo, Sérgio Dias, Sérgio Ricardo, José Ramos Tinhorão, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé. Todos personagens que viveram os bastidores de um dos maiores movimentos culturais do país.

No ano de seu 43º aniversário, a Tropicália é homenageada por essa obra que promete remexer com crenças e mitos sustentados até os dias de hoje. Segundo o autor, o Tropicalismo, embora tenha sempre sido associado à política, foi em sua essência um movimento cultural a altura da Semana de 22 e do movimento antropofágico de Oswald de Andrade. “Havia sim uma insatisfação com a ditadura e os horrores dos militares na época. Mas a Tropicália ultrapassou essa questão. Foi além. Tratou de repensar a nossa cultura, uma reflexão cultural 40 anos depois da semana de 22”, afirma Mac Cord.

Para o cantor, compositor e músico Tom Zé que assina o prefácio do livro além das revelações dos artistas participantes e de coadjuvantes expressivos, o tema foi tratado com uma clareza orteguiana, pinicando o leitor com a vontade de saber mais na próxima página. “Seu estilo polidamente antitropicalista, de abridor de cortinas, acende essa curiosidade providencial. Estas informações são um serviço de utilidade pública, leve abrir de porta sobre fatos adormecidos, bem-vindo num país que não tem como coisa nobre o conhecimento de si próprio”, afirma.

Para Getúlio Mac Cord, autor do livro, o movimento tropicalista estava em sintonia com as idéias que se formavam no meio cultural brasileiro da década de 60. “Diretores de teatro, cinema, artistas plásticos e músicos geraram férteis debates. Isso criou um momento rico de questionamentos com a descoberta de uma linguagem da arte brasileira. Essa linguagem incorporava tudo que havia no Brasil, mais os acontecimentos da cultura mundial, incluindo a integração com a cultura latino-americana”, afirma.

Personagens analisam movimento
Enquanto os holofotes sempre se concentraram nos baianos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, entre outros, considerados os líderes do movimento, outras figuras significativas tiveram participação efetiva e apresentam na obra um outro olhar sobre tudo o que aconteceu. Jards Macalé, por exemplo, afirma ter havido um grande mal entendido. “Eu gravo pouco porque determinadas pessoas das gravadoras até hoje acham que nós, os ditos malditos, não somos comerciais. Eu, Jorge Mautner, Luís Melodia e Sérgio Sampaio somos considerados malditos”, desabafa, acrescentando que na Tropicália houve muito mais profundidade na questão de mudanças de valores e costumes do que qualquer outra coisa.

Outro que esboça uma visão peculiar é José Ramos Tinhorão. Para ele, as pessoas que se comprometeram com música, universo sonoro etc, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes e outros, eram pessoas muito voltadas para uma atualização que as inserisse dentro de um contexto da música comercial, sim, estrangeira, sim, mas de bom nível. “Eles, é claro, entrariam em choque, como entraram, com a chamada “ala nacionalista”, que eles acusavam de tradicionalista, de estar trabalhando em cima de coisas que não tinham futuro, que tudo não parava, que o mundo era uma aldeia”, diz.

Já para Guilherme Araújo, a Tropicália foi além, tendo uma ligação direta com a história mundial da época. “Eu acho que essas coisas não podem ser criadas, inventadas numa mesa. Havia um momento propício à música popular no mundo inteiro”, afirma o empresário musical.

De acordo com Rogério Duprat, o interesse era de uma música coletiva e a música mais coletiva era aquela relativa à cultura de massa. “Então eu, Júlio Medaglia e Cozzella, depois de conversarmos muito, especialmente com o Décio Pignatari, caminhávamos rumo à cultura de massa. E esta cultura aos poucos foi aparecendo através do rock de Roberto Carlos, da criação da Jovem Guarda, e depois pelo talento de um time que tinha que nos procurar: os baianos”.



Serviço:
Lançamento do livro “Tropicália - Um Caldeirão Cultural”, de Getúlio Mac Cord,
Data: 02 de dezembro, sexta-feira
Horário: a partir das 20h
Local: Godofredo Bar – Rua Paraisopolis, 738 - Bairro Santa Tereza – BH ( o livro será vendido por preço promocional)

- Tropicália – “Um Caldeirão Cultural” - À venda na Livraria Mineiriana, Savassi. Belo Horizonte - MG.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Brahma Kumaris promove retiro sobre líder servidor na Serra do Cipó



A Organização Brahma Kumaris promove nos dias 26 e 27 de novembro, sábado e domingo, um retiro especial sobre o líder servidor. O evento será realizado no Portal da Paz, na Serra do Cipó. O objetivo é explorar a liderança que acontece naturalmente quando nos conectamos com a nossa essência. Serão utilizadas experiências de coaching, PNL e meditação para desenvolver o líder servidor.

O facilitador será o vice-presidente da Brahma Kumaris no Brasil, professor de meditação e Raja Yoga há 25 anos, Rodrigo Ambros, que também é practitioner e trainer in PNL e instrutor certificado no programa Vivendo Valores nas Organizações. Para Ambros, “liderança é mais do que estilo, carisma, talento e técnica. Liderança está conectada com a essência de quem você realmente é, livre de pré-conceitos e pré-julgamentos”, afirma.

Sobre o Portal da Paz

O Portal da Paz é um centro de retiros da Brahma Kumaris de Minas Gerais, situado na Serra do Cipó. É um lugar de tranqüilidade e recolhimento, onde é possível praticar a meditação Raja Yoga, a reflexão espiritual e o silêncio, tudo isso num cenário de natureza exuberante, o Parque Nacional da Serra do Cipó.

A Brahma Kumaris é uma ONG internacional, que há mais de 70 anos se dedica à revalorização do ser humano, ao despertar das qualidades e das virtudes da alma humana através da prática da meditação Raja Yoga e de programas de qualidade de vida. A organização possui oito mil filiais em cerca de 120 países.

Serviço:
LÍDER SERVIDOR - Retiro Especial no Portal da Paz
Data: 26 e 27 de Novembro (sábado e domingo)
Local: Portal da Paz - Serra do Cipó – Jaboticabubas /MG
Informações e Inscrições : Tel.: 31 3371- 9802
Email: belo.horizonte@br.bkwsu.org
Site: www.bkwsu.org/brasil

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ganhei Coragem


"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece", observou Nietzsche. É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo. Albert Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora em que a coragem chega: "Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos". Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem.

Vou dizer àquilo sobre o que me calei: "O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.

Em tempos passados evocava-se o nome de Deus, o qual foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo... não sei se é bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direção oposta. Bastou que Moisés, líder, se demorasse na montanha para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os dez mandamentos.

E a história do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outra idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante a amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou... Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos... E o que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: "Agora você será minha para sempre...". Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus.

Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável. O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhe contavam mentiras. As mentiras são doces; a verdade é amarga.

Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos!

As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo.

O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas como o povo em festas, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos. Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro "O Homem Moral e a Sociedade Imoral" observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas.

Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.

Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesse da comunidade. É sobre esse pressuposto que se constrói o ideal da democracia.

Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens, e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é o ideal democrático que eu amo. Outra coisa são as práticas de engano pela quais o povo é seduzido. O povo é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.

Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.

O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer.

O povo, unido, jamais será vencido!

Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos... Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahma, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio; não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol. Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno", á semelhança do que aconteceu na China.

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute: "Caminhando e cantando e seguindo a canção..." Isso é tarefa para os artistas e educadores. O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.

Rubem Alves
Artigo publicado na Folha de São Paulo, 05 de maio de 2002


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Livro conta experiências de uma jovem em busca da liberdade e da justiça nos anos 1970




O livro “Olhos de Estrela”, da historiadora Angela Xavier, será lançado em Belo Horizonte, nesta sexta-feira, dia 11 de novembro, a partir das 19 h, na Livraria e Café Quixote - Rua Fernandes Tourinho, 274 - Savassi. O lançamento faz parte da programação do projeto “Integrando artistas e diversidades”, promovido pelo Instituto Imersão Latina que completa seis anos de atividades.

De acordo com a escritora, a obra é um romance que retrata as buscas e lutas dos jovens durante a década de 1970. “ A ideologia era o grande motor das ações. Num ambiente efervescente, a juventude sonhava encontrar a forma certa, justa e verdadeira de vida. E foi esse sonho que levou muitos jovens a procurar conhecer de perto os povos que preservavam costumes ancestrais, ainda não contaminados pelo consumismo do capitalismo. Daí a busca pelas culturas antigas, orientais e indígenas”, relata.

Em 1974, Angela fez uma viagem aos Andes que marcou sua vida. O contraste entre a adolescência, vivida no interior de Minas, e o período da ditadura militar foi enorme. Após terminar o curso de História, ela viveu em Ouro Preto, cidade pólo cultural no período, conviveu com artistas em um ambiente de descobertas e experimentos extremamente ricos. Os jovens de então eram politizados e sonhavam mudar os rumos da sociedade.

O livro conta a viagem de Angela ao Império Inca, a Bolívia e o Peru. Com apenas uma mochila nas costas, ela partiu rumo a terra onde havia florescido o grande Império indígena.A cultura Inca sobrevivente à conquista foi marcante em sua vida e isso transparece nas páginas do romance. Além do pensamento, das buscas e sonhos da juventude dos anos 70. Mas como Angela é uma contadora de histórias, contou essa história baseada em fatos reais, mas quem conta um conto ... aumenta um ponto.

Serviço:
Lançamento do Livro “Olhos de Estrela”, de Angela Xavier
Data: 11 de novembro
Local: Livraria e Café Quixote - Rua Fernandes Tourinho, 274 - Savassi
Horário: a partir das19h
Entrada Gratuita

“Olhos de Estrela”, de Angela Xavier.
Edição Independente, 2011, R$ 35,00

Fonte: http://www.imersaolatina.blogspot.com/

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mostra Imersão Tropicalista

No dia 30 de outubro, o Instituto Imersão Latina (Imel) completou seis anos de ativismo cultural em defesa dos povos latino-americanos e para comemorar lançou o projeto “Integrando Artistas e Diversidades”, que está promovendo várias atividades culturais em homenagem ao movimento Tropicalista que teve seu auge em 1967-1968.

Dentro das atividades do projeto começa nesta terça-feira, dia 01 de novembro, a Mostra Imersão Tropicalista, uma parceria do Imel com os cineclubes do Sindicato dos Professores da Rede Privada de Minas Gerais (Sinpro Minas). Os cineclubes Joaquim Pedro de Andrade e Cineclube Uma Tela no meu bairro vão exibir, no mês de novembro, uma seleção especial de filmes tropicalistas


Cinema e Tropicalismo
A criatividade e o encontro de novas formas, revelou ao mundo o novo cinema que acontecia no Brasil, a partir da década de 1950, influenciando e sendo influenciado pelo movimento Tropicalista, que não restrito a música, rompeu as fronteiras tupiniquins. Inspirados em movimentos como o Neo-realismo e a Nouvelle Vague, com pouco orçamento, ideias na cabeça e câmeras na mão, jovens cineastas brasileiros mostraram a realidade, as mazelas, a pobreza e a fome do país.

Indo na contramão das produções caríssimas e do peleguismo das pornochanchadas, o Cinema Novo e o Cinema Marginal, escancaravam a vida e a realidade, sem incentivos financeiros e sem importar com a censura. Os cineastas tropicalistas buscavam uma forma alternativa, na margem, criando uma nova estética para o cinema brasileiro.