Rio de Janeiro – Evento paralelo à Rio+20 e que deverá reunir no Aterro do Flamengo cerca de 30 mil representantes de organizações, redes e movimentos sociais de todo o mundo entre os dias 15 e 23 de junho, a Cúpula dos Povos quer ser também o cenário para a prática de um novo tipo de comunicação, democrática e colaborativa. Com o objetivo de incentivar a participação da sociedade durante a Cúpula, diversas ferramentas de comunicação serão utilizadas para criar e transmitir informação, como a Rádio e a Tevê Cúpula dos Povos. Além disso, o território da sociedade civil abrigará o Laboratório de Comunicação Compartilhada, espaço que servirá para editar, compartilhar e publicar conteúdos de texto, áudio e vídeo a partir de uma plataforma colaborativa.
“A Cúpula dos Povos quer continuar a desenvolver todo esse processo, que já vem existindo nos últimos anos ao longo dos fóruns, de viabilização de um tipo de comunicação nova. Uma comunicação na qual a gente consiga atravessar a fronteira entre os que falam e os que ouvem, entre os que prestam e os que recebem, entre os ativos e os passivos”, afirma Luiz Arnaldo Campos, coordenador da equipe de Comunicação da Cúpula dos Povos.
A TV Cúpula estará no ar de 15 a 22 de junho e terá um estúdio próprio – na casa de shows Vivo Rio – e irá gerar durante todo o evento uma programação que será exibida em 20 monitores de 50 polegadas espalhados pelo Aterro do Flamengo. Também funcionará como uma web tevê, com transmissão direta pelo site.
A Rádio Cúpula será instalada dentro do Aterro e vai fornecer programação a ser transmitida simultaneamente por web rádio e por um circuito de alto-falantes (rádio-poste) situados no território. A programação também circulará via antena, por associação a algumas rádios comunitárias.
Parte da programação da rádio e da tevê será produzida pela equipe da Cúpula dos Povos, mas a ideia é incluir também o material colaborativo, produzido pelas próprias pessoas: “A TV Cúpula terá duas horas de programação que vai se repetir ao longo do dia. Duas horas de televisão é bastante coisa, daí a importância da colaboração”, afirma José Carlos Asbeg, diretor da TV Cúpula.
Ele explica que já existe o desenho de uma programação básica: “Vamos cobrir os eventos, plenárias e assembleias da Cúpula dos Povos, o que acontecer no território e também as manifestações fora do território. Teremos também uma equipe no evento oficial da Rio+20, no Riocentro, e um âncora no estúdio”.
Coordenador da Rádio Cúpula, Leonardo Neves avisa que a programação será toda compartilhada com as redes de rádio que já estão se reunindo com a Cúpula dos Povos todas as quartas-feiras. Durante o evento, a rádio estará no ar doze horas por dia, de 7h a 19h. “Nosso objetivo é agregar o maior número possível de pessoas e organizações sociais para que nossa programação seja toda feita pelas redes de rádio. Nós teremos uma única hora oficial diária da Rádio Cúpula dos Povos, na qual iremos transmitir um debate. Mas, fora isso, a nossa intenção é que durante as doze horas no ar, a rádio seja ocupada por quem queira colaborar”.
A Rádio Cúpula terá dois repórteres e dois produtores (um dentro da rádio e outro trazendo matérias de fora), além de uma bicicleta-repórter, parceria com a Rádio Rua. “A bicicleta tanto emitirá nosso sinal pelo Aterro, veiculando o que estará acontecendo dentro da rádio, quanto transmitirá para outras rádios por meio de antenas híbridas”, explica Neves.
O objetivo é utilizar a rádio para criar o máximo de conteúdo. “A Rádio Cúpula tem por meta 24 horas de transmissão, mas com mais música durante a noite. No entanto, se tivermos a demanda forte que imaginamos, a programação de conteúdo poderá se estender pela noite e a madrugada”, diz o coordenador da rádio.
Rede dos Povos
A maior novidade em termos de comunicação durante a Cúpula dos Povos será o Laboratório de Comunicação Compartilhada, responsável por gerenciar toda a plataforma de conteúdo produzida pelos interessados. “Durante o evento, nós vamos funcionar com uma estrutura de telecentro, onde as pessoas poderão entrar para postar suas mensagens em texto, áudio ou vídeo. Para quem filmou e quiser editar o material antes de incluir em nossa plataforma, teremos cinco ilhas de edição à disposição”, diz Luiz Arnaldo Campos.
O Laboratório funcionará em uma tenda dentro do Aterro, situada próxima à Vivo Rio e ao Museu de Arte Moderna (MAM). “Estaremos trabalhando com software livre e haverá no laboratório alguns facilitadores para dar as orientações de como editar e publicar áudios ou vídeos com as ferramentas que a gente terá lá. O objetivo é que, mais do que acessar as máquinas, as pessoas utilizem o espaço para interagir. Estão abertas as inscrições para oficinas, debates, workshops e todo tipo de atividade de comunicação que seja compartilhada”, diz Adriano Belisário, que irá coordenar o espaço.
Belisário também é o responsável pela Plataforma Rede dos Povos, que é o canal de interação para a construção do acervo com conteúdos que serão utilizados tanto na tevê quanto na rádio durante a Cúpula dos Povos. Para postar materiais, basta se cadastrar no site da rede e se tornar um colaborador. O site está no ar desde 8 de maio. “A ideia é formar um grande acervo na internet e, a partir dele, selecionar alguns materiais. Será nossa grande base de conteúdo”, diz. Ele ressalta que não será possível incluir tudo o que estará na internet, pois não haverá espaço de exibição suficiente. “Materiais mais curtos terão prioridade, por exemplo, em relação a um documentário de uma hora e m eia. A moderação será feita após a publicação”, diz.
Parcerias
A primeira reunião ampla para viabilizar parcerias foi organizada pela coordenação de Comunicação da Cúpula dos Povos na quarta-feira (8) e contou com a presença de cerca de 60 representantes de emissoras comunitárias, redes e organizações da sociedade civil. Alguns parceiros para a TV Cúpula (Ecovox, TV CUT) e para a Rádio Cúpula (Pulsar, Rádio Rocinha, Rádio MEC, Rádio Roquete Pinto) já estão confirmados e diversos outros foram elencados durante a reunião.
As parcerias também serão realizadas em nível internacional. “Teremos colaboração com parceiros estrangeiros que irão produzir noticiários diários em francês, em inglês e em espanhol e transmitir isso para um circuito bem grande no planeta”, avisa Campos. A conexão internacional deverá ser ampliada também durante o 2º Fórum Mundial de Mídias Livres, que acontecerá nos dias 16 e 17 de junho na UFRJ (campus Praia Vermelha): “Queremos trazer um pouco do FML para dentro da Cúpula dos Povos”, diz Belisário.
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